sábado, 19 de março de 2011

Na prática, visita de Obama é simbólica



O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, inicia hoje pela manhã em Brasília sua visita oficial ao Brasil. Esse ato inaugura uma reaproximação dos países, estremecida no governo Lula, no entanto,  temas de interesse do Brasil devem ficar de lado.

A última visita de um presidente da maior potência do planeta havia sido em 2007, com George W. Bush. Desde então, os EUA  e Brasil viveram um clima de antagonismo principalmente com os episódios de Honduras e do Irã.

Para a cientista política, professora da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) e pesquisadora do Núcleo de Pesquisas em Relações Internacionais da USP (Universidade de São Paulo), Denilde Holzhacker, as inclinações ideológicas da diplomacia brasileira diminuíram no governo Dilma Rousseff, o que favorece uma reaproximação com os EUA. “As declarações da presidente mostram isso, como o sinal de que não vai tolerar as violações dos direitos humanos. Mas vale lembrar que para outros países controversos não houve mudança até agora no tratamento, como Venezuela e Cuba”, comenta.

Demandas/O governo brasileiro e o empresariado têm muitos interesses nos EUA. Por exemplo,  o Brasil quer apoio para ter um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas reformado.

Denilde praticamente descarta que Obama anuncie isso em sua viagem, como fez no ano passado em relação à Índia. “Se esse apoio for dado só deve ocorrer no contexto de uma reforma mais ampla na ONU, mas um apoio direto não. Os EUA não querem se indispor com outras nações latinas, como o México e a Argentina”, afirma.

No lado econômico, o Brasil teve um deficit comercial de US$ 7,8 bilhões com os EUA no ano passado, segundo o Ministério do Desenvolvimento.

A economista e professora da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica) e no curso de relações internacionais da ESPM, Cristina Helena Pinto de Mello, afirma que será difícil inverter esse número. “Os EUA também contam com o Brasil para sair de sua crise, querem vender ainda mais para cá. Acordos bilaterais de comércio poderiam ajudar o Brasil, como acontece com o Chile e os EUA, mas isso deve demorar para acontecer”, disse.

O Brasil também tem interesse na liberalização das exportações de etanol, mas isso esbarra na pressão interna nos EUA por subsídios ao etanol de milho americano. Para Cristina esse assunto também terá uma negociação lenta. Ainda no campo energético, a economista vê uma oportunidade futura: os EUA poderiam diminuir a dependência dos árabes com o petróleo do pré-sal .

Ela ainda lembra que no presente os EUA querem apoio do Brasil para pressionar a China para valorizar o yuan. Será uma saia justa para o governo Dilma porque a China já é o maior parceiro comercial brasileiro.


O discurso na Cinelândia, no Rio, foi cancelado. O motivo não foi divulgado.

Obama deve discursar no Theatro Municipal do Rio, mas apenas para convidados.


4 Boas notícias para o Brasil com a visita
Reconhecimento do governo
Os EUA sinalizam que reconhecem o novo governo de Dilma Rousseff

Nova fase de cooperações
Visita demonstra possibilidade de uma nova fase de cooperações nas áreas comercial, tecnológica, energética e espacial. Por exemplo, será assinado um acordo piloto na área de patentes com o Brasil

Encontro
de negócios
Hoje 200 empresários norte-americanos da comitiva de Obama vão se reunir com 200 colegas brasileiros para discutir negócios

Acordos serão assinados
Serão assinados acordos sociais e de educação em prol da igualdade racial, por exemplo, acordos entre universidades para conceder bolsas de estudos

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