segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Presidente do Ipea defende tributação profunda sobre a riqueza

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O presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), ligado a SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República), Márcio Pochmann defendeu no 18º Congresso Brasileiro de Economia uma tributação profunda sobre a riqueza. “Principalmente o trabalho imaterial, configurado mais pelo sistema financeiro, deveria pagar mais. Hoje apenas 1/10 de seu deslocamento de valores é tributado”, afirma.

Ele explica que nosso sistema tributário é agressivo demais e está longe do que melhor foi criado no século 20. Países desenvolvidos, por exemplo, taxam mais as propriedades e heranças. No Brasil o que é mais penalizado é o consumo.

A maior tributação do sistema financeiro, para Márcio, seria fácil em termos técnicos, já que normalmente as operações de valores são registradas em computadores, mas ele reconhece a dificuldade política. “Mas precisamos ter coragem. O Brasil pela primeira vez tem condições próprias para mudar. Vivemos 24 anos de democracia. Não há nada que impeça a transformação, a não ser o medo”, disse.

O dinheiro que viria da tributação da riqueza para Márcio Pochmann deveria ser usado para a criação de um fundo público de desenvolvimento do país. “Pela tecnologia e ciência hoje a questão não é mais como produzir, mas sim como redistribuir”, finaliza.



‘Professor é o grande problema’
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O economista Cláudio de Moura Castro debateu no 18º Congresso Brasileiro de Economia o uso da economia para trazer o desenvolvimento econômico. Ele foi diretor geral da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), criador do PET (Programa Especial de Treinamento) e ex-Chefe da Divisão de Programas Sociais do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

Ele considera que a educação brasileira já resolveu quase todos seus problemas logísticos, como número de escolas, merenda e acesso a livros, e que o grande problema está na qualidade dos professores. “As faculdades recrutam mal e a remuneração deixa a desejar”, disse.

Cláudio lembrou que no Brasil se comenta muito hoje o modelo coreano de educação, que trouxe uma revolução tecnológica para aquele país. “Mas não concordo que a Coréia do Sul seria nossa melhor opção. Eles tem 3 mil anos de história e tem hábitos de muita disciplina. Lá trabalhar 12 horas por dia é normal. Aqui só daria certo com transplantes de cérebro”, brinca.

Para o economista o modelo que talvez melhor se adaptasse no Brasil fosse o dos EUA, já que mesmo sendo um país rico tem também uma parte da população em situação de pobreza. “O que é admirável nos EUA é que eles investem massivamente em educação, é o primeiro país no mundo. Isso é claro que dá bons resultados no futuro”, fala.

É uma mudança de paradigma que ele explica como uma conduta de vida que poderia ser adotada por todos os brasileiros. “Isso se resume em deixar de gastar o tempo com atividades de recompensa imediata e, ao contrário, nos esforçarmos mais com os gastos para o futuro. Isso é simples, se eu deixo de tomar uma cerveja e prefiro ler um livro é claro que repetindo isso daqui uns anos minha vida vai ser melhor”, comenta.

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